[trechos
extraídos de http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=88399]
Em reportagem do
Valor, especialista defende a criação de um conselho no Brasil, como os que já
existem nos países europeus
A
trindade da ficção científica do século XX - "1984″, de George Orwell;
"A Revolução dos Bichos", também de Orwell; e "Laranja
Mecânica", de Anthony Burgess -, traz à tona temas recorrentes e atuais na
sociedade contemporânea. Os livros abordam assuntos que hoje ultrapassam campos
sociopolíticos e filosóficos e pautam a bioética. No seu escopo estão aspectos
éticos da preservação da qualidade de vida em um mundo já bastante devastado
por uma tecnização brutal, o debate sobre a ética ambiental, os direitos fundamentais
das futuras gerações e o desenvolvimento sustentável, entre tantas outras
questões.
"Conflitos
morais sempre existiram e sempre existirão", diz o professor Volnei
Garrafa, coordenador da cátedra Unesco de Bioética da Universidade de Brasília (UnB).
"A história comprova, porém, que um cenário extremamente contra ou
excessivamente a favor obstrui a ciência e o desenvolvimento de um país."
É justamente para equilibrar esse movimento que se coloca a bioética. Uma área
de diálogo, que tem ganhado força desde que o termo foi cunhado, a partir da
Segunda Guerra Mundial, quando testes com energia nuclear, a bomba atômica e
experimentos humanos pelos nazistas levaram o mundo a reavaliar os objetivos
das pesquisas.
Segundo
Garrafa, todos os países da Comunidade Europeia têm conselhos, sendo a França
pioneira a criá-lo, em 1982. "O Brasil está atrasado", diz.
"Nosso bebê de proveta nasceu em 1984, e até hoje não temos legislação
para as novas tecnologias reprodutivas."
A transdisciplinaridade da
bioética faz com que profissionais estejam reunidos também em torno da temática
agrária, por causa dos conflitos indígenas. É ético e moral levar uma tribo
para outro terreno e deixar os restos mortais de seus antepassados enterrados
em um local onde será uma hidrelétrica, por exemplo? E as comunidades afetadas
pelos projetos das mineradoras? Até que ponto elas são beneficiadas? Como
responder a essas e outras particularidades de cada cultura?
De modo geral, obras de
infraestrutura sempre serão polêmicas, pois as intervenções são grandes,
inclusive com alteração de paisagem. "É preciso avaliar caso a caso, mas o
certo é que o tema está cada vez mais vez mais adequado à sustentabilidade e
ainda se faz muito marketing social nesse sentido", diz Paulo Fortes, vice-diretor
da Faculdade de Saúde Pública da USP. "A bioética surge a partir da teoria
dos direitos humanos, que nada mais é que justiça social."
Nenhum comentário:
Postar um comentário