Apresentamos nesta postagem, mais um capítulo em tradução livre nossa do livro Women in Science, publicado pela Comissão Européia de Investigação:
A cientista escocesa
superstar
Uma
criatura selvagem
Mary
Fairfax nasceu em 26 de dezembro de 1780 na casa de seus tios em Jedburgh na
Escócia, onde sua mãe, Margaret Charters, estava descansando de sua viagem entre Londres e
Fife. O pai de Mary, o Vice-Almirante Sir William George Fairfax estava em
alto-mar a trabalho. Com um pai ausente e uma mãe cuja única preocupação era
que ela aprendesse a ler a Bíblia e rezar, Mary teve, em suas próprias
palavras, a permissão para crescer como uma criatura selvagem. Como era costume
no século 18, a sua educação foi ocasional e limitada. As únicas aulas
formais que Mary teve foi durante um ano na Boarding School for Girls em
Musselburgh, perto de Edinburgo, durante o qual foi bastante infeliz. Ela
estudou Aritmética aos 13 anos e deparou-se com a Álgebra acidentalmente quando
lia um artigo numa revista para mulheres. Ela então persuadiu o tutor do seu
irmão a comprar livros para ela, permitindo-lhe que pudesse
desenvolver seu interesse pelo assunto.
Dois
casamentos e um funeral.
Em
1804, Mary casa-se com seu primo, o Capitão Samuel Greig. Ele não possuía
interesse em Matemática ou Ciência, e tinha em baixa consideração a
intelectualidade das mulheres, porém não interferiu no estudo da esposa. O
casal teve dois filhos, Woronzow e William George. Seu marido falece três anos
após o casamento, em 1807.
A
viuvez e uma considerável herança dão à Mary independência, permitindo que continuasse a estudar conforme seu desejo. Ela alcança uma sólida base em
Matemática e começa a se interessar por Astronomia. Em 1812 se casa
novamente. Seu segundo marido, Dr. William Somerville, era inspetor da junta
médica do exército. Sendo ele um cientista, foi um ativo apoiador dos
empreendimentos da esposa, servindo como seu secretário e editor, bem como introduzindo-a aos colegas cientistas. Seu
círculo social em Londres incluía proeminentes estudiosos como Charles Babbage
e a família Herschel. Mary e William tiveram
quatro filhos.
Uma personalidade magnética
Mary
aprofundou-se seriamente em seus estudos e seu primeiro sucesso veio quando ganhou uma medalha de prata num concurso de Matemática. Com o segundo marido estudou Geologia, coletou e descreveu minerais, expandindo mais tarde seus
interesses com estudos de grego, Botânica, Meteorologia e Astronomia.
Ela começa seus experimentos científicos sobre o magnetismo no verão de
1825. No ano seguinte, seu paper ‘The magnetic properties of the violet rays
of the solar spectrum’ foi apresentado na Royal Society pelo seu marido. O
trabalho atraiu críticas favoráveis e foi publicado. Embora a teoria contida no
paper tenha sido refutada mais tarde,
o trabalho em si marcou Mary como uma habilidosa escritora científica.
Após esse sucesso, Mary é persuadida a
produzir uma tradução popular da Mécanique Celeste de Marquis de
Laplace, a fim de que um público mais amplo pudesse entender o trabalho do
grande matemático e astrônomo francês. A sua tradução e a longa introdução que
adicionou à obra foram um triunfo. Um busto dela é colocado no hall da Royal
Society em comemoração ao sucesso do acontecimento.
O Alinhamento dos Planetas
Mary viaja para a Europa Continental em 1832, onde passa a trabalhar em
seu segundo livro. On the Connexion of
the Physical Sciences, publicado em 1834, inclui uma discussão sobre um
planeta hipotético perturbando Urano - a
qual inspira John Couch Adams a continuar sua investigação, que o leva à
descoberta de Netuno.
Em 1835, junto com a astrônoma Caroline Herschel, Mary torna-se a
primeira mulher membro da Royal
Astronomical Society. O governo lhe concede uma pensão de 300 pounds por ano.
La
dolce vita
Com William doente, os Somervilles mudam-se para a Itália em 1838, onde
Mary gastaria a maior parte do resto de sua vida. Seu livro de maior sucesso, Physical Geography apareceu em 1848. Ele
foi amplamente usado nas escolas e universidades por meio século. Ela
posteriormente escreve mais dois livros, Molecular
and Microscopic Science e sua auto-biografia, Personell Recollection (publicado em 1873), antes de sua morte em
Nápoles, em 28 de novembro de 1872, um mês antes de completar 92 anos.
Realizações Científicas
Mary Somerville foi reconhecida pelos seus colegas cientistas como igual,
e alcançou enorme sucesso popular com sua escrita e com sua habilidade de
traduzir a informação científica em termos claros e inteligíveis para o grande
público. Seus quatro trabalhos acadêmicos cobriram uma ampla gama de tópicos
científicos, propondo novas teorias e tornando conceitos complicados mais
fáceis de entendimento.
A óbvia capacidade intelectual de Mary, combinada com modéstia,
demonstraram que as mulheres podiam rivalizar com os homens academicamente, e
ela foi recompensada por isso com sua nomeação para a Royal Astronomical
Society, passando a receber uma pensão governamental. Durante sua vida ela se
esforçou para melhorar as oportunidades intelectuais e sociais para as
mulheres. Esta certamente foi uma das razões pelas quais, após sua morte, uma
das primeiras faculdades para mulheres da Universidade de Oxford, a Somerville
College, ser assim chamada. Ela também foi imortalizada na
designação de um asteroide e uma cratera lunar com o seu nome.
Maitland Building construído em 1913 |
Fontes das imagens:
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