por Rachel Zawada
(tradução livre nossa)
Desde que o índice H foi introduzido na comunidade científica por Jorge
Hirsch em 2005, muitos céticos têm protestado raivosamente. Podemos dizer que
isso não é de se admirar, pois dizer a um pesquisador que será usado um índice
para quantificar a sua produtividade e o seu impacto
baseando-se em seus artigos mais citados é como dizer aos pais que o valor do seu bebê
será avaliado. Provavelmente você já ouviu todos os argumentos contra o índice
H, mas vamos recapitular alguns:
· Ele concede a todos os co-autores de um paper o mesmo valor – do autor principal até o último autor da
lista que contribuiu com o artigo.
· Ele proporciona uma discriminação etária inversa – quanto mais
velho o autor é, mais alto provavelmente será seu índice H.
· Usá-lo para ranquear autores dentro das disciplinas é tão útil
quanto comparar maçãs e laranjas.
A lista
de críticas é grande, mas não vamos deixar de mencionar que até o modo como ele
é calculado é tão simples que parece algo feito por uma criança. Apesar de todas as críticas e zombarias, me pergunto quem
realmente rirá por último, pois, se o índice H é tão falho, então porque ele
ainda é assunto há quase dez anos? Eu tive que vasculhar inúmeros artigos
negativos e posts raivosos em blogs, mas finalmente encontrei algumas
revelações surpreendentes sobre como a comunidade científica está abraçando-o
de quatro grandes formas:
1. Medindo a performance da pesquisa. É
conhecimento comum que usar o índice H para comparar resultados de pesquisas
através de disciplinas diferentes não é justo para campos mais especializados.
Entretanto, alguns sistemas de ranqueamento de universidades estão
começando a incorporar o índice H dentro de sua metodologia no nível de
assunto. O mais notável destes é o QS World
University Rankings by Subject, o qual começou a usá-lo em 2013. Outros rankings universitários
mundiais que agora utilizam o índice H incluem the University Rankings by
Academic Performance, the National Taiwan University Ranking, and the Center
for World University Rankings.
2. Fundos de
Concessão/Financiamento. Estudos
publicados em uma variedade de publicações multidisciplinares peer-reviewed tem relatado que um índice
H mais alto está correlacionado com obtenção de financiamento. A World Neurosurgery até mesmo relata que
o índice H é o único preditivo bibliométrico para receber financiamento do National Institute of Health,
proeminente concessor de financiamentos dos Estados Unidos. Artigos levantados sobre o tema: From Ophthalmology (Svider PF et al. The association between scholarly
impact and National Institutes of Health funding in ophthalmology.
Ophthalmology. 2014; 121(1): 423-428.) to Academic Radiology (Rezek I et al. Is the h-index
predictive of greater NIH funding success among academic radiologists? Acad
Radiol. 2011; 18(11): 1337-1340.) to Acta
Anaesthesiologica Scandinavica (Pagel PS, Hudetz JA.
H-index is a sensitive indicator of academic activity in highly productive
anaesthesiologists: results of a bibliometric analysis. Acta Anaesthesiol
Scand. 2011; 55(9):1085-9.).
3. Decisões de promoção. O próprio Hirsch sugeriu que os valores do
índice H poderiam promover o avanço na carreira de professores nas principais
universidades de pesquisa. Embora esta métrica não seja a última palavra em
critérios de promoção, ela parece carregar algum peso em avaliações formais. A
School of Medicine at the University of Maryland e a Ohio State University são
dois exemplos de instituições que colocaram referências ao índice H em suas
diretrizes para o processo de promoção na carreira.
4. Auto-promoção. Membros do
corpo docente das maiores universidades de cada continente expõem seu ranking no índice H junto com outros
prêmios e qualificações em suas biografias online, perfis no Linkedin, etc. Esses autores estariam realmente mudando de opinião sobre o índice H? Talvez
seja um exagero, mas eles parecem estar admitindo (meio à contragosto) que ele
tem se tornado um índice bibliométrico amplamente reconhecido e influente na
comunidade científica. Amando-o ou odiando-o – parece que índice H está aqui
para ficar.
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