Passo 1: definição do objetivo do levantamento.
Por que definir um objetivo? Porque assim conseguimos definir as palavras-chave para
encontrar os estudos que precisamos.
Por exemplo, para um artigo sobre desinformação o objetivo foi "apresentar o conceito
de desinformação a partir de outros autores (em especial bibliotecários e cientistas da
informação), motivações e tipos". É muito importante ter explicitado o objetivo para
entender o que se pretende com a pesquisa.
Então: defina um objetivo para este levantamento.
Passo 2: pesquisa prévia.
Essa etapa é um teste para verificar se existe bibliografia sobre o assunto e verificar
possíveis artigos/trabalhos que possam ser usados como referência para a pesquisa.
Exemplo: na minha pesquisa, digitei no Google Acadêmico a palavra “desinformação” e
vieram diversos textos interessantes. Selecionei os 10 mais interessantes que serviram de
“referência” para que eu fizesse um levantamento dos termos que esses autores usam, se
colocam o termo só nos assuntos, ou se colocam no título também etc. Tudo isso é um
comportamento informacional dos autores e que vai nos ajudar futuramente com os
demais passos.
Passo 3: definição das palavras-chave.
As palavras-chave utilizadas em um levantamento foram: desinformação, disinformation,
misinformation, fake news, pós-verdade, pos truth, competência informacional,
competência em informação, literacy competence, information competence. Por que essas
palavras? Porque foram termos encontrados em artigos que se tinha como referência e
que na pesquisa prévia foram verificados como interessantes para essa busca.
Dentro de textos sobre fake news - por exemplo - vamos encontrar as definições, as
motivações que o autor do texto elenca para justificar a disseminação desse tipo de
informação etc. Mesmo que a gente saiba que desinformação é um assunto muito mais
amplo do que fake news, nem todos os autores sabem, então considerar termos que
discordamos muitas vezes nos ajudam também.
Dicas para encontrar as palavras-chave:
- Usar e abusar de sinônimos (p.ex.: insaturação pode ser encontrada como “sem saturação”)
- Consultar as palavras-chave de artigos que já sejam referência para a sua pesquisa
- Usar tesauros da área em questão para consultar os termos
- Conversar com colegas que entendam do assunto e possam sugerir palavras
Passo 4: definição das fontes de informação.
É muito importante definir as fontes de informação mais pertinentes para este assunto
porque são nelas que teremos mais chances de encontrar a literatura que desejamos. Na
pesquisa prévia, já é possível consultar as fontes que são potenciais, já com intuito de
verificar se tem alguma coisa a ser explorado posteriormente. Sugestão: sempre optar por
fontes de informação da área em questão. No nosso caso, Ciência da Informação.
Passo 5: definição do recorte temporal e idioma.
Para a pesquisa sobre desinformação não houve delimitações, apesar de a grande maioria
ser de 2018 e 2019, e um misto de inglês com português. Não haviam taaaantos estudos
para delimitar nesse ponto, mas com certeza outros assuntos - como “competência
informacional” - terão muita coisa, então o correto seria definir uma faixa temporal caso
venha muita literatura e também um idioma (que seria o português, mas que não significa
não ter estudos no Brasil em inglês).
Passo 6: definição da estratégia da busca.
Você já tem, nesta etapa, as palavras-chave e o recorte temporal que foram definidos em
etapas acima. A estratégia da busca é um esquema que mescla termos autorizados (as
palavras-chave que são autorizadas nas fontes de informação para busca. P.ex.: a pesquisa
é sobre cachorro. O termo autorizado pode ser “cão”. Então, essa análise é necessária para
utilizar os termos corretos, porque uma vez o termo sendo “cão” ao pesquisar “cachorro”
pode não aparecer nenhum resultado e se dar a pesquisa por encerrada) com operadores
de busca (truncamento e/ou booleanos1
)
Exemplo de estratégia de busca:
fake news AND pós-verdade AND desinformação OR fake news AND desinformação
OR desinformação AND pós-verdade
Você vai montar a estratégia e vai replicar nas bases de dados/revistas e etc.
Passo 7: realização da busca.
Com todos os critérios acima, basta executar a busca e salvar os resultados.
Uma sugestão é sempre salvar em nuvem para que nenhum resultado seja perdido e possa
ser acessado remotamente. Um exemplo é o Mendeley, gerenciador de referências, que
possibilita o acesso remoto e tem muito espaço para guardar documentos, além de ser um
software gratuito. Semelhante ao Mendeley (e meu desconhecido), tem o Zotero.
Também existe as nuvens: Google Drive, OneDrive, Dropbox... esses eu não aconselho
porque ao longo do tempo espaço se torna um problema e também usamos para outras
(tantas) coisas esses espaços.
Passo 8: definição de critérios para excluir resultados.
Uma aluna formanda em Biblioteconomia fez o levantamento dela para o TCC e digamos
que deu 100 resultados. Desses 100, apenas 20 foram úteis para pesquisa dela. Por quê?
Podem ter diversos fatores, mas pode ser só pelo simples fato da relevância. Os outros 80
combinavam as palavras-chave, porém não eram pertinentes para o trabalho dela. Definir
o critério de exclusão é bem pessoal, desde que fundamentado.
Alguns exemplos de critérios que poderiam ser adotados: duplicidade (trabalhos
duplicados nas bases), diferentes idiomas dos requeridos (se aparecer russo, você
utilizará? Já coloque os idiomas que irá trabalhar), estudos que não tratem do tema (mas
que ainda assim vieram nos resultados, acontece muito!), não tem o texto completo (daqui a pouco só o resumo não vai servir, então delimite isso), etc... O importante é dizer: foi
um total de XX artigos, foram escolhidos YY em função dos seguintes critérios A, B, C e
D.
Passo 9: anotação de todo o processo.
Registre tudo!!! Todas as etapas, datas que foram realizadas, todas as informações sobre
essa pesquisa é muito relevante. Muitas vezes, a gente entra em um periódico, faz a
pesquisa, acha um monte de coisa, MAS não anotou nada e metodologicamente não pode
usar. Então, anote tudo. Uma dica bem funcional é criar um excel e documentar com as
seguintes informações:
Data da pesquisa
Base de dados
Estratégia
Resultados (quantidade total)
Quantos utilizarei (só os que eu salvei de todos os resultados)
Dá também para criar pastas no Mendeley e jogar os resultados pra lá, para depois fazer
uma triagem.
Passo 10 e último passo: LEITURA.
O que é o mais difícil: LER TUDO ISSO!!
Mas é possível! Foque agora para descansar depois!!! O resultado vem e quando vem é
muito prazeroso.
Texto publicado originalmente no site da UFRGS, disponível em: https://www.ufrgs.br/infocom/wp-content/uploads/2020/06/TUTORIAL-LEVANTAMENTO-BIBLIOGR%C3%81FICO_vers%C3%A3o-para-curso-de-Compet%C3%AAncias.pdf
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