quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Mulheres na Ciência: Maria Sibylla Merian (1647-1717)

Apresentamos novamente, mais um capítulo do  livro Women in Science, publicado pela Comissão Européia de Investigação, em tradução livre nossa: 


Scientific Butterfly

 Pinceladas duradouras

Maria Sibylla Merian nasceu em 1647 em Frankfurt. Era filha de um gravurista e gráfico suíço - Matthäus Merian The Elder, que morre cedo, deixando-a com  três anos de idade. Em 1651 sua mãe casa-se com o pintor Jacob Marrel que a estimula a desenhar e a pintar.

Seu interesse na pintura e seu fascínio pelo mundo natural levam-na a criar suas primeiras imagens de insetos e plantas – tendo como modelos, insetos capturados até os seus treze anos.

Em 1665, com dezoito anos, Maria casa-se com o aprendiz de Marrel, Johann Andreas Graff, com quem tem duas filhas. O casal muda-se  para Nuremberg em 1667, onde ela tem seu primeiro sucesso profissional. Em 1681 seu padrasto morre e a família retorna para Frankfurt para cuidar do seu espólio.

Mudanças continentais

Após duas décadas de casamento, Maria, aos 38 anos, deixa seu marido em 1685 devido aos seus “vícios vergonhosos” – de acordo com os registros da época. Naquele tempo, divórcios e separações não eram tão incomuns como pensamos. Acompanhada pela mãe e pelas filhas, ela une-se aos Labadistas – uma seita protestante puritana – comum na Frísia e na Holanda. Durante esse período ela fica fascinada com as plantas tropicais que eles trazem de suas plantações no Suriname.

Em 1691 ela muda-se para Amsterdam, onde sua fama como naturalista, artista e perita em insetos lhe proporciona acesso a coleções tropicais de famílias influentes que a levam consigo em viagens ao Suriname.

Em 1715 ela sofre um derrame que a deixa parcialmente paralisada, morrendo em Amsterdam em 1717.

Uma linda metamorfose

Assim como os insetos que ela pintava tão maravilhosamente, Maria Merian também sofre uma impressionante metamorfose de desenhista para artista e cientista. “Em minha juventude gastei muito tempo investigando insetos”, ela explica em um dos seus livros, como por exemplo, observando as lagartas  se transformando em lindas borboletas.  Isso deflagra nela uma fascinação que beira a obsessão: “Eu me retirei do convívio humano e engajei-me exclusivamente nessas investigações”

Flower Power

Quando viveu em Nuremberg com o marido, ao invés de tornar-se sua parceira nos negócios – o que  era esperado dela,  Maria Merian dá um passo diferente, criando uma loja de bordados e design de tecidos. Ela também ensinava  essas atividades a  muitas jovens de família ricas  que lhe proporcionavam acesso aos finos jardins de suas mansões. Nesses jardins ela estuda os insetos, particularmente o ciclo de vida das lagartas e borboletas. Suas investigações levam-na à publicação do seu primeiro livro, intitulado Neues Blumenbuch (New Book of Flowers). Seu segundo livro sobre a metamorfose das lagartas fica pronto em 1679.

A fascinação pela flora e a fauna  tropical adquirida quando morou na Holanda impelem-na a embarcar em uma expedição ao Suriname em 1699, onde ela observou e pintou os animais e plantas locais. No entanto, as condições da colônia holandesa no Suriname começam a angustiá-la, pois os colonos zombavam do seu  interesse nos insetos e plantas, e o sofrimento dos escravos causavam-lhe horror.

Em 1701 a malária força-a a voltar para a Holanda. Quatro anos depois ela publica sua obra seminal: Metamorphosis Insectorum Surinamensium, sobre os insetos do Suriname.


Realizações Científicas

No início da ciência moderna, as mulheres freqüentemente  trabalhavam como observadoras e ilustradoras, assim, as habilidades artísticas de Maria Merian foram seu passaporte para a ciência.

Suas observações meticulosas foram úteis na luta contra a crença – vigente naquele tempo - na idéia aristotélica de que os insetos surgiam espontaneamente da lama. Maria descreveu em sua carreira, o ciclo de vida de 186 espécies de insetos. A sua pesquisa empírica minuciosa ajudou a colocar o estudo de insetos – a Entomologia – sobre bases mais científicas.

A publicação de sua obra em alemão – opondo-se ao latim – ajudou a aumentar a conscientização das pessoas do povo sobre a existência da metamorfose dos insetos, mas, por outro lado, foi evitada por muitos cientistas, pois era o latim a língua do aprendizado na época. No entanto, tão popular ficaram seus três livros, que 19 edições surgiram entre 1665 e 1771.

O Czar Pedro I da Rússia era grande admirador do seu trabalho. Outro grande admirador foi Wolfgang Von Goethe, que ficou maravilhado com a combinação de arte e ciência de suas pinturas.

Nos tempos atuais Maria Sibylla Merian  foi redescoberta. Antes da entrada do euro, seu rosto foi a estampa da nota de 500 do marco alemão. Seu retrato figurou em vários selos, e muitas escolas possuem o seu nome. Em 2005 um moderno navio de pesquisa foi lançado na Alemanha, também com o seu nome.


Fonte:
Maria Sibylla Merian: scientific butterfly. In: Women in Science. European Commission. 2009. p. 26-29

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