quarta-feira, 29 de junho de 2011

Mulheres na Ciência: Hipátia de Alexandria

Há tempos atrás, uma de nossas postagens incluía um link para o livro Women in Science, publicado pela Comissão Européia de Investigação, em pdf.

Fizemos uma versão livre em português do primeiro capítulo:

Hipátia de Alexandria : a incomparável filósofa clássica

A erudita helênica Hipátia (cerca de 370-415 d.C.), que viveu na cidade de Alexandria, distingue-se por dois motivos: ser a última dos grandes filósofos da era clássica, e a primeira mulher a deixar influências no campo da Matemática.

Ela nasceu entre os anos 350 e 370 d.C. em Alexandria, Egito. Com sua grandiosa biblioteca, a cidade era o centro helênico do ensino. Hipátia era filha e aluna de Téon, o último matemático e diretor do Museu de Alexandria, o qual compreendia a biblioteca e vários institutos de ensino independentes.

Como a primeira notável filósofa neo-platônica e matemática, Hipátia era amplamente admirada e respeitada - na sua cidade natal e além desta – o que lhe dava considerável influência política. Devido ao seu status, ela movimentava-se livremente – desprezando as normas vigentes sobre o comportamento das mulheres da época. Além disso, ela era uma figura controversa – por suas crenças “pagãs” e provavelmente também, pelo seu gênero.

Vivendo durante a violenta transição da era clássica para a era cristã, Hipátia pagou caro por sua filosofia. Estimulados possivelmente pela animosidade que o bispo da cidade, Cirilo de Alexandria, expressava por ela, em 415 d.C., uma turba cristã enraivecida assassinou-a brutalmente.

À frente de seu tempo

O primeiro professor de Hipátia foi seu pai, Téon. Além de ser seu tutor em Matemática e em outros ramos da Filosofia, ele planejou para ela, um rigoroso programa de treinamento físico. Ela também viajou para a Grécia e Roma a estudos.

Para sorte de Téon, sua filha não era somente sua melhor aluna, pois logo superou-o em suas próprias realizações na Matemática, tornando-se, por volta de 400 d.C., a chefe da escola neo-platônica de Alexandria, onde ensinava Astronomia, Matemática e Filosofia, especialmente as obras de Platão e Aristóteles. Hipátia, à semelhança dos eruditos gregos antigos, em sua paixão pelo ensino, excursionava pelo centro da cidade interpretando as obras dos filósofos para quem desejasse ouvi-la. “Ela produziu conhecimento na literatura e na ciência, superando em muito, todos os filósofos do seu próprio tempo” - palavras do historiógrafo cristão Sócrates Scholasticus, contemporâneo dela.

Sozinha ou em colaboração com seu pai, Hipátia deixou para a humanidade um profundo legado científico. É creditado a ela a invenção do astrolábio plano - um instrumento de navegação; o hidrômetro de bronze graduado, para medir a densidade específica dos líquidos, e o hidroscópio, um dispositivo para visão sob a água. Um de seus discípulos, Sinésio de Cirene, também credita a ela a invenção do destilador de água.

Hipátia também é autora de numerosos tratados de Matemática, os quais se perderam quando a biblioteca de Alexandria foi destruída. Escreveu comentários sobre várias obras de outros autores, como por exemplo, sobre a Arithmetica de Diofanto de Alexandria e sobre As Cônicas de Apolônio, o geômetra grego de Pérgamo.

Editou também, obras de seu pai, incluindo seus comentários sobre o Almagesto de Ptolomeu de Alexandria e Os Elementos, de Euclides de Alexandria.

......

Para ilustrar a vida de Hipátia, recomendamos o filme Alexandria (título original: Agora). 2009. de Alejandro Amenábar.

http://www.imdb.com/title/tt1186830/
http://bit.ly/k0Wbok  


2 comentários:

  1. Pessoal, eu fiz um vídeo sobre a filósofa em meu canal no Youtube, e chama-se "Hipátia de Alexandria, feminismo e liberdade de expressão". Quem quiser, só entrar aqui e dar uma conferida: http://youtu.be/sWPQJpfUL0s

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